quinta-feira, 1 de março de 2012

Coça, coça: é piolho

Por Carolina Mouta
Matéria para o site Bolsa de Bebê *
Imagem: Dreamstime


Uma coçadinha aqui, outra coçadinha acolá... Nada de mais quando é esporádica. Mas, se o coça-coça não dá trégua, a mamãe logo suspeita: pode ser piolho. Existem diversos tipos do parasita, mas vamos nos ater aqui ao Pediculus humanus var capitis - hein? -, que pode provocar uma infestação chamada de pediculose do couro cabeludo. A doença - que está entre as de maior incidência na população infantil do país - é caracterizada por uma coceirinha sem fim, que atinge principalmente crianças em idade escolar. Mas os adultos não estão livres dele, não. Os bichinhos também não fazem distinção de raça, classe social e nem idade. Se tem cabelo, ele pode fazer a festa!

Quem é esse tal de piolho?

De acordo com a bióloga Bianca Dantas, o piolho é um inseto pequenino, de coloração marrom. Possui uma boca adaptada, usada para perfurar a pele e sugar o sangue humano, do qual se alimenta. As garras nas seis pernas possibilitam grudar no corpo do hospedeiro.

Os bichinhos não voam, não pulam e vivem em torno de 30 dias. Nesse tempo podem fazer um estrago... "Uma fêmea pode colocar até 300 ovos durante a sua curta vida. Na sua fase reprodutiva ela costuma botar, em média, de dez a doze ovos por dia. Esses ovinhos de cor esbranquiçada são as lêndeas, que costumam ficar grudadas nas raízes do cabelo, bem pertinho do couro cabeludo, e eclodem em cinco ou seis dias", explica Bianca.

Como são transmitidos?

Engana-se quem pensa que os piolhos estão associados à falta de higiene. A história não é bem assim: os piolhos gostam mesmo é de um cabelo limpinho. A transmissão acontece através do contato pessoal direto com os indivíduos infestados e pelo compartilhamento de utensílios como pente, boné, travesseiro, lenço de cabeça e presilhas. Encostos de cadeiras e assentos de carros também ajudam a disseminar a pediculose.

Quais os sintomas?

O primeiro sintoma de uma infestação é uma intensa coceira no couro cabeludo, principalmente na região da nuca e atrás das orelhas. Essa coceira, causada pela saliva e pelas fezes do piolho, pode resultar em feridas, deixando uma porta aberta para infecções bacterianas. E entre uma coçadinha e outra não há quem durma. "Além de atrapalhar o sono, a pediculose pode levar as crianças a um quadro de estresse, o que atrapalha, inclusive, o desempenho escolar", ressalta a pediatra Rosana Monteiro. Mas não é só isso: dois meses são o suficiente para que o quado se agrave. "Pode haver o aparecimento de gânglios e anemia", avisa a especialista.

Como diagnosticar a pediculose?

Além da coceira, uma outra forma de evidenciar a infestação é verificando a presença dos parasitas. Mas isso não é nada fácil, especialmente no caso dos piolhos. Eles fogem ao menos sinal de movimento nos cabelos. As lêndeas são bem mais legais: ficam paradinhas, grudadinhas nos fios e tem uma coloração mais clara, sendo melhor identificadas.

Dá para prevenir

Não tem jeito: pais que têm filhos em idade escolar devem estar atentos e inspecionar sistematicamente as cabecinhas. Com a ajuda do pente fino, é bom fazer uma varredura diária nos fios de cabelo. "A criança pode criar o hábito de passar o pente fino toda vez que for tomar banho", sugere a dermatologista Fernanda Oliveira. Assim, se houver piolho, ele já vai, literalmente, por água abaixo!

Outros cuidados podem ajudar a manter os piolhos bem longe: a criança deve ser orientada a não compartilhar objetos como pentes, bonés e presilhas. Manter as madeixas curtas ou amarradas também são boas opções, mas não prenda os cabelos se eles estiverem úmidos.

Operação pente fino

No caso de haver infestação, o pente fino - preferencialmente e metal ou inox - também é o principal aliado no tratamento. Quando for passá-lo, é bom utilizar um pano claro, evitando que os piolhos caiam na roupa. Os piolhos e lêndeas que caírem no pano devem ser deixados em vinagre diluído em água por um período de 30 minutos, para que sejam mortos. Aliás, essa fórmula (uma parte de água para uma parte de vinagre) também é eficaz para retirar as lêndeas. "A orientação é passar a solução com a ajuda de um pedacinho de algodão. Use poucos fios de cabelo de cada vez, pressione-os entre o algodão e puxe da base do fio para as pontas", ensina a drª Fernanda.

Receitinhas alternativas, nem pensar!

Na ânsia de exterminar os insetos, muitos pais se deixam levar por recomendações alternativas e produtos inadequados. Mas, não existem receitas infalíveis para exterminar os piolhos. A médica ressalta que o uso de soluções caseiras, principalmente se na fórmula tiver querosene e inseticidas, deve ser totalmente descartado. "Esses produtos são tóxicos ao ser humano e podem ausar irritações e reações alérgicas. A melhor conduta e procurar um especialista, que indicará o tratamento adequado com shampoos ou loções, chamados de pediculicidas. Ferver os objetos pessoais, tais como pente, boné, lençol e roupas também ajuda", diz. O uso dos "remedinhos para piolho" deve ser repetido cerca de dez dias após a primeira aplicação. Esse é o tempo necessário para que as lêndeas - que se safam dos pediculicidas - se transformem em piolhos. Por isso, é importante considerar o ciclo biológico do parasita.

Fazendo o tratamento direitinho, em duas semanas o pequeno estará livre dos bichinhos. Aí, é cuidar para que não haja reinfestação. Afinal, ninguém quer ser surpreendido com o aparecimento de visitantes tão indesejados.

* O texto pode ter sofrido modificações

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