segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Viajando de avião

Por Carolina Mouta
Matéria publicada em 09/02/2010, no site Bolsa de Bebê *
Imagem: Dreamstime

Férias! Que delícia! Mas esse período, que deveria ser só diversão, também traz algumas preocupações. Muitas mães ficam inseguras quando precisam fazer uma viagem de avião com seus filhos. Que tipo de documentação é necessária, o que pode ser levado como bagagem de mão, quando solicitar serviços, como agir em determinadas situações... É bom saber de tudo bem direitinho. Assim, você não corre o risco de ter alguma surpresa desagradável na hora do embarque ou durante a viagem.

São consideradas crianças, menores entre dois anos de idade e doze anos incompletos. Bebês são um caso à parte: as companhias aéreas não os transportam se tiverem menos de sete dias de vida, mesmo com boa saúde. Entretanto, Geraldo Cogo, chefe da pediatria do Hospital Vera Cruz de Campinas orienta que os pais estendam esse prazo para 15 dias. "Esse tempo é necessário para saber se está tudo bem com a criança. Porém, é preciso consultar o pediatra para que ele dê a liberação". Autorização concedida, eles podem embarcar se a documentação necessária estiver em dia.

Documentação

Para não ter problemas na hora do embarque, atenção à documentação, principalmente nos casos de viagem com apenas um dos pais, quando será necessário consultar as normas do Juizado da Infância e do Adolescente.

Nos vôos domésticos podem ser apresentadas cópias autenticadas dos documentos. "As crianças devem apresentar um documento de identificação com foto ou certidão de nascimento e documento que comprove a filiação ou parentesco com o responsável, observadas as exigências estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e Vara da Infância e Juventude do local de embarque", informa a assessoria da Agência Nacional de Aviação Civil, a ANAC.

Para embarque em vôos internacionais valem somente documentos originais: passaporte ou documento legal de viagem aceito pelo país de destino e visto, caso seja exigido. "De acordo com a resolução 74 do Conselho Nacional de Justiça, no caso da criança viajar acompanhada por apenas um dos pais, é necessária uma autorização autenticada com foto recente da criança. O pai, a mãe ou o responsável, precisa redigir o documento, e comparecer pessoalmente para fazer
a autenticação no cartório", orienta a ANAC.

É importante checar a data da validade do passaporte com antecedência porque isso varia conforme a idade da criança. De acordo com a Polícia Federal, para crianças até um ano, a validade é de um ano; de um a dois anos, o passaporte é válido por dois anos; de dois a três anos de idade, por três anos e de três a quatro anos, o documento pode ser usado por quatro anos. Acima de cinco anos de idade, o prazo é igual a do documento emitido para os adultos: cinco anos.

Para a emissão do passaporte é necessária a autorização de ambos os pais, ou do responsável legal, e o bebê ou a criança deverá estar presente no momento do requerimento do passaporte e na sua entrega. Por conta da validade, não se antecipe em emitir o documento se não houver uma viagem programada.

E se os pais foram furtados ou tiveram seus documentos extraviados? As companhias aéreas devem aceitar os Boletins de Ocorrência, de acordo com a Resolução 52 da ANAC. Entretanto, é preciso estar atento a algumas condições: o BO deve ter data de emissão inferior a quinze dias; a viagem deve ser de retorno do passageiro à origem; o mesmo deve preencher formulário específico na unidade da ANAC situada no aeroporto; o despacho do passageiro deve ser gerenciado e acompanhado por representante da empresa aérea, em coordenação com o posto de controle de acesso às salas de embarque.

Franquia de Bagagem

A franquia de bagagem é outro ponto que gera dúvidas. Não há nada que afirme que crianças que não ocupam assento tenham direito à bagagem em vôos domésticos. De acordo com a ANAC, o assunto é tratado como uma liberalidade da empresa, ou seja, cada uma pode permitir ou não o transporte de bagagem despachada para crianças de colo. Para os vôos internacionais, menores de dois anos têm franquia de dez quilos. O melhor conselho é: economize nos volumes! Lembre-se de despachar tudo o que puder.

As crianças que ocupam assento têm direito à mesma franquia de bagagem dos adultos para dos trajetos nacionais: 23 quilos mais bagagem de mão de até cinco quilos. Para o exterior o peso permitido varia de acordo com o destino. É necessário consultar a companhia aérea com antecedência.

Carrinho e bebê conforto contam como bagagem de mão. Entretanto, precisam estar dentro das regras. "Não podem exceder a cinco quilos e a soma de suas dimensões (comprimento + largura + altura) não pode ser superior a 115 (cento e quinze) centímetros", orienta a ANAC. O mais indicado é verificar junto à empresa aérea o que ela oferece de diferencial nesses casos. Algumas deixam você levar o carrinho até a porta do avião, e fazer o gate-check. Assim quando você sair do avião, eles trazem o carrinho e te devolvem. Portanto: informe-se!

Tá na mão

Quem viaja com crianças sabe que elas são imprevisíveis: dor, febre, fome, vontade de ir ao banheiro e tédio são algumas coisas que podem tirar os pais do sério durante o trajeto. Para que tudo corra bem, esteja preparada e leve tudo o que for necessário na bagagem de mão.

Na pequena bolsa podem ir artigos medicamentosos com a devida prescrição médica e suas respectivas dosagens. Separe o analgésico, o anti-térmico e um remédio para enjôo.

A alimentação dos bebês também deverá ser incluída na bagagem de mão. Verifique a quantidade para que não falte, principalmente em viagens longas. Para as crianças maiores, inclua biscoitos, chocolates e sucos. Evite levar frutas que irão produzir um lixo orgânico (casca, caroços) do qual você terá que se livrar.

Coloque também na mala que ficará com você os utensílios com as quais a criança não dispensa como chupeta, mamadeira e alguns brinquedos pequenos e que não façam barulho (pode incomodar os outros passageiros).

Uma boa idéia é levar um dvd portátil para entreter os pequenos. Apenas siga as instruções dos comissários de bordo sobre quando é possível ligar o aparelho. Ele terá que ser desligado momentos antes da aterrisagem e, para não ter choradeira, planeje o fim do filme.

Se a criança tem menos de três anos, é aconselhável levar uma ou duas mudas de roupa. Acidentes acontecem! É o doce que cai na blusa, o xixi que vaza na calça... Lembre-se, também, de levar algo extra para você. Afinal, não dá para ficar a viagem toda com cheiro ruim por causa de roupa suja de sabe-se lá o que!

Outras dicas

Alimentação - Quando o bebê mama no peito tudo é mais fácil: o self-service está bem ali. Mas, se já se faz uso de outros alimentos a situação pode complicar um pouquinho. Para não ficar enrolada na hora da fome do seu pequeno, alguns conselhos: tenha um recipiente específico com divisões para o leite em pó. Assim fica fácil abrir o compartimento e despejar o pó na água que já está na mamadeira. Se sentir necessidade de dar uma papinha, use as prontas, que vêm em potinhos. Se a criança estiver acostumada a ingeri-la na temperatura ambiente, menos mal. Caso precise aquecer, peça ajuda à comissária.

Ar condicionado - Quando se acomodar, cheque as saídas de ar condicionado que se encontram acima dos assentos. Feche-as para evitar correntes de ar.

Brinquedos - Tenha-os por perto, mas evite jogos com muitas peças. Pense também no peso dos brinquedos pois quem vai carregá-los (junto com um monte de outras coisas) é você. Brinquedinhos baratos e novos vão ajudar a concentrar a atenção do seu filhote. Compre alguns e dê aos pouquinhos para mantê-los entretidos.

Canguru ou sling - São ótimos para os bebês. Assim, os pais ficam com as mãos livres e não estarão tão cansados no fim da viagem.

Descompressão - Na hora da decolagem ou aterrisagem, os bebês devem mamar para evitar a pressão nos ouvidos. Crianças maiores devem mastigar algo ou beber água. "Antes da viagem, os pais podem pingar soro fisiológico no nariz da criança para tentar minimizar a sensação de ouvido tapado. Se o médico que acompanha a criança indicar, também pode-se usar protetor auricular", explica o pediatra Geraldo Cogo.

Escalas ou conexões - A viagem de avião pode ser interessante para a criança pela aventura de voar perto das nuvens, mas também pode ficar cansativa se for demorada. Dessa forma, opte pelos vôos diretos. Se tiver que fazer escalas ou conexões, escolha os vôos com as paradas mais rápidas.

Fraldas - Pouco antes do embarque, faça uma troca de fraldas preventiva. Assim, diminuem as chances de você ter que trocar a roupa do bebê porque o xixi vazou ou, pior, ter que trocá-lo na poltrona - que é o mais indicado - ou no banheiro do avião, que deve ser usado somente em último caso. Tenha na bolsa do bebê um trocador portátil. Eles são plásticos e fáceis de limpar. Em caso de emergência, algumas companhias aéreas têm trocador desmontável dentro do banheiro. Fale com a aeromoça.

Hidratação - Dê bastante líquido ao bebê ou à criança, pois a cabine do avião tem umidade baixa e desidrata mais. "Deve-se amamentar bastante os bebês, antes e durante a viagem. Para os maiorzinhos, que já tomam suco e água, deve-se oferecer bastante líquido antes e durante a viagem", ensina do Dr. Geraldo Cogo. O médico recomenda, ainda, hidratar a pele do bebê fazendo compressas com soro fisiológico.

Higiene - Leve álcool-gel, forros descartáveis para assentos de vasos sanitários, lenços de papel e lenços umedecidos. Isso vale não só para quem tem bebês, mas os que têm crianças maiores também. Mãos sujas não são raras.

Melhor Horário - Para viagens longas, prefira os vôos noturnos. Assim, as crianças não ficarão excitadas por estarem "nas nuvens" e poderão relaxar e dormir. A excitação poderá ser aliada nos vôos mais curtos. Poder visualizar tudo tão pequenininho lá de cima será um bom motivo para evitar o chororô.

Necessidade de serviços - Lactantes e pessoas com crianças de colo são consideradas passageiros com necessidade de atendimento especial. "É necessário avisar a empresa aérea no ato da compra da passagem ou com antecedência mínima de 48 horas antes do embarque. Pessoas que necessitam de atendimento especial também têm direito a atendimento preferencial no check-in e no embarque", alerta a ANAC. Já o desembarque dessas pessoas é feito por último, exceto nos casos em que o tempo disponível para a conexão ou outro motivo justifique a priorização. Quem viaja com bebês deve informar à companhia aérea. Dependendo do destino, algumas oferecem bercinhos para acomodar o neném e assentos especiais na aeronave. Mas isso é em número limitado, ok? Em alguns vôos também é possível pedir comida especial para as crianças. A solicitação desses serviços normalmente está disponível somente para vôos internacionais e deve
ser feita com antecedência.

Roupas e sapatos - Nada de peças apertadas ou incômodas. Lembre que a temperatura dentro da aeronave é baixa, por isso, não esqueça de levar casacos ou uma blusa mais quente. "A criança tem que estar confortável, mas também não pode ficar com frio", orienta o pediatra.

Segurança - Bebês e crianças devem ocupar os lugares programados para sua maior segurança. "O bebê deve viajar no bebê conforto e não solto no colo de um dos pais. Quando a criança é maior, também vale a regra de evitar o colo. Ela deve ocupar uma poltrona", alerta Dr. Geraldo.

Tarifas - Quando os pais fazem a reserva das passagens aéreas fica a dúvida sobre quanto será cobrado pelo menor. Para esclarecimentos, consulte a Portaria 676 da ANAC. "Crianças menores de dois anos de idade poderão ter seu transporte cobrado, valor que não pode ultrapassar 10% da tarifa paga pelo adulto, desde que não ocupe assento. As crianças acima de dois anos deverão ocupar assento e, consequentemente, pagarão tarifa de acordo com o cobrado pelas empresas. O valor do desconto concedido para as faixas etárias varia de acordo com a companhia aérea", esclarece a agência reguladora. Principalmente nos trajetos domésticos, é comum as empresas aéreas não cobrarem nenhum percentual pelo transporte de crianças menores que dois anos. Entre dois e 12 anos, geralmente pagam entre 50 e 70% do valor da passagem do adulto.

* O texto pode ter sofrido modificações

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